Dia 15 de julho é dia de São Boaventura, Bem-aventurados Inácio de Azevedo e companheiros e São Vladimir

São Boaventura
1218-1274

Afresco de Beato Angélico
Capela Nicolina

 

Frei Boaventura era italiano, nasceu no ano de 1218, na cidade de Bagnoregio, em Viterbo, e foi batizado com o nome de João de Fidanza. O pai era um médico conceituado, mas, como narrava o próprio Boaventura, foi curado de uma grave enfermidade ainda na infância por intercessão de são Francisco. 
 

Aos vinte anos de idade, ingressou no convento franciscano, onde vestiu o hábito e tomou o nome de Boaventura dois anos depois. Estudou filosofia e teologia na Universidade de Paris, na qual, em 1253, foi designado para ser o catedrático da matéria. Também foi contemporâneo de Tomás de Aquino, outro santo e doutor da Igreja, de quem era amigo e companheiro. 
 

Boaventura buscou a Ordem Franciscana porque, com seu intelecto privilegiado, enxergou nela uma miniatura da própria Igreja. Ambas nasceram contando somente com homens simples, pescadores e camponeses. Somente depois é que se agregaram a elas os homens de ciências e os de origem nobre. Quando frei Boaventura entrou para a Irmandade de São Francisco de Assis, ela já estava estabelecida em Paris, Oxford, Cambridge, Estrasburgo e muitas outras famosas universidades européias. 
 

Essa nova situação vivenciada pela Ordem fez com que Boaventura interviesse nas controvérsias que surgiam com as ordens seculares. Opôs-se a todos os que atacavam as ordens mendicantes, especialmente a dos franciscanos. Foi nesta defesa, como teólogo e orador, que teve sua fama projetada em todo o meio eclesiástico. 
 

Em 1257, pela cultura, ciência e sabedoria que possuía, aliadas às virtudes cristãs, foi eleito superior-geral da Ordem pelo papa Alexandre IV. Nesse cargo, permaneceu por dezoito anos. Sua direção foi tão exemplar que acabou sendo chamado de segundo fundador e pai dos franciscanos. Ele conseguiu manter em equilíbrio a nova geração dos frades, convivendo com os de visão mais antiga, renovando as Regras, sem alterar o espírito cunhado pelo fundador. Para tanto dosou tudo com a palavra: para uns, a tranqüilizadora; para outros, a motivadora. 
 

Alicerçado nas teses de santo Agostinho e na filosofia de Platão, escreveu onze volumes teológicos, procurando dar o fundamento racional às verdades regidas pela fé. Além disso, ele teve outros cargos e incumbências de grande dignidade. Boaventura foi nomeado cardeal pelo papa Gregório X, que, para tê-lo por perto em Roma, o fez também bispo-cardeal de Albano Laziale. Como tarefa, foi encarregado de organizar o Concílio de Lyon, em 1273. 
 

Nesse evento, aberto em maio de 1274, seu papel foi fundamental para a reconciliação entre o clero secular e as ordens mendicantes. Mas, em seguida, frei Boaventura morreu, em 15 de julho de 1274, ali mesmo em Lyon, na França, assistido, pessoalmente, pelo papa que o queria muito bem. 
 

Foi canonizado em 1482 e recebeu o honroso título de doutor da Igreja. A sua festa litúrgica ocorre no dia se sua passagem para a vida eterna.

 

 

Dia 14 de julho é comemorado os seguintes santos: São Camilo de Léllis, Bem-aventurada Santa Catarina Tekakwitha e São Francisco Solano

São Camilo de Léllis
1550-1614

Fundou a congregação
dos Ministros Camilianos

 

Camila Compelli e João de Lellis eram já idosos quando o filho foi anunciado. Ele, um militar de carreira, ficou feliz, embora passasse pouco tempo em casa. Ela também, mas um pouco constrangida, por causa dos quase sessenta anos de idade. Do parto difícil, nasceu Camilo, uma criança grande e saudável, apenas de tamanho acima da média. Ele nasceu no dia 25 de maio de 1550, na pequena Bucchianico, em Chieti, no sul da Itália. 
 

Cresceu e viveu ao lado da mãe, uma boa cristã, que o educou dentro da religião e dos bons costumes. Ela morreu quando ele tinha treze anos de idade. Camilo não gostava de estudar e era rebelde. Foi então residir com o pai, que vivia de quartel em quartel, porque, viciado em jogo, ganhava e perdia tudo o que possuía. Apesar do péssimo exemplo, era um bom cristão e amava o filho. Percebendo que Camilo, aos quatorze anos, não sabia nem ler direito, colocou-o para trabalhar como soldado. O jovem, devido à sua grande estatura e físico atlético, era requisitado para os trabalhos braçais e nunca passou de soldado, por falta de instrução. 
 

Tinha dezenove anos de idade quando o pai morreu e deixou-lhe como herança apenas o punhal e a espada. Na ocasião, Camilo já ganhara sua própria fama, de jogador fanático, briguento e violento, era um rapaz bizarro. Em 1570, após uma conversa com um frade franciscano, sentiu-se atraído a ingressar na Ordem, mas foi recusado, porque apresentava uma úlcera no pé. Ele então foi enviado para o hospital de São Tiago, em Roma, que diagnosticou o tumor incurável. 
 

Sem dinheiro para o tratamento, conseguiu ser internado em troca do trabalho como servente. Mesmo assim, afundou-se no jogo e foi posto na rua. Sabendo que o mosteiro dos capuchinhos estava sendo construído, ofereceu-se como ajudante de pedreiro e foi aceito. 
 

O contato com os franciscanos foi fundamental para sua conversão. 
 

Um dia, a caminho do trabalho, teve uma visão celestial, nunca revelada a ninguém. Estava com vinte e cinco anos de idade, largou o jogo e pediu para ingressar na Ordem dos Franciscanos. Não conseguiu, por causa de sua ferida no pé. 
 

Mas os franciscanos o ajudaram a ser novamente internado no hospital de São Tiago, que, passados quatro anos, estava sob a sua direção. Camilo, já tocado pela graça, dessa vez, além de tratar a eterna ferida passou a cuidar dos outros enfermos, como voluntário. Mas preferia assistir aos doentes mais repugnantes e terminais, pois percebeu que os funcionários, apesar de bem remunerados, abandonavam-nos à própria sorte, deixando-os passar privações e vexames. 
 

Neles, Camilo viu o próprio Cristo e por eles passou a viver. Em 1584, sob orientação do amigo e contemporâneo, também fundador e santo, padre Filipe Néri, constituiu uma irmandade de voluntários para cuidar dos doentes pobres e miseráveis, depois intitulada Congregação dos Ministros Camilianos. Ainda com a ajuda de Filipe Néri, estudou e vestiu o hábito negro com a cruz vermelha de sua própria Ordem, pois sua congregação, em 1591, recebeu a aprovação do Vaticano, sendo elevada à categoria de ordem religiosa. 
 

Eleito para superior, dirigiu por vinte anos sua Ordem dos padres enfermeiros, dizem que com "mão de ferro" e a determinação militar recebida na infância e juventude. Depois, os últimos sete anos de vida preferiu ficar ensinado como os doentes deviam ser tratados e conviver entre eles. Mesmo sofrendo terríveis dores nos pés, Camilo ia visitar os doentes em casa e, quando necessário, chegava a carregá-los nas costas para o hospital. Nessa hora, agradecia a Deus a estatura física que lhe dera. 
 

Recebeu o dom da cura pelas palavras e orações, logo a sua fama de padre milagreiro correu entre os fiéis, que, ricos e pobres, procuravam sua ajuda.

Era um homem muito querido em toda a Itália, quando morreu em 14 de julho de 1614.

Foi canonizado em 1746. São Camilo de Lellis, em1886, foi declarado Padroeiro dos Enfermos, dos Doentes e dos Hospitais.

 

Santa Catarina Tekakwitha
Bem-aventurada
1656-1680

 

Kateri Tekakwitha, para nós Catarina, foi a primeira americana pele-vermelha a ter sua santidade reconhecida pela Igreja.

Ela nasceu no ano de 1656, perto da cidade de Port Orange, no Canadá. Seu pai era o chefe indígena da nação Mohawks, um pagão. Enquanto sua mãe era uma índia cristã, catequizada pelos jesuítas, que fora raptada e levada para outra tribo, onde teve de unir-se a esse chefe.

Não pôde batizar a filha com nome da santa de sua devoção, mas era só por ele que a chamava: Catarina. O costume indígena determina que o chefe escolha o nome de todas as crianças de sua nação. Por isso seu pai escolheu Tekakwitha, que significa "aquela que coloca as coisas nos lugares", mostrando que ambas, consideradas estrangeiras, haviam sido totalmente aceitas por seu povo. 
 

Viveu com os pais até os quatro anos, quando ficou órfã. Na ocasião, sobreviveu a uma epidemia de varíola, porém ficou parcialmente cega, com o rosto desfigurado pelas marcas da doença e a saúde enfraquecida por toda a vida. O novo chefe, que era seu tio, acolheu-a e ela passou a ajudar a tia no cuidado da casa. Na residência pagã, sofreu pressões e foi muito maltratada. 
 

Catarina, que havia sido catequizada pela mãe, amava Jesus e obedecia à moral cristã, rezando regularmente. Era vista contando as histórias de Jesus para as crianças e os idosos, que ficavam ao seu lado enquanto tecia, trabalho que executava apesar da pouca visão.

Em 1675, soube que jesuítas estavam na região. Desejando ser batizada, foi ao encontro deles. Recebeu o sacramento um ano depois, e o nome de Catarina Tekakwitha.Devido à sua fé, era hostilizada, porque rejeitava as propostas de casamentos. Por tal motivo, seu tio, cada vez mais, a ameaçava com uma união. Quando a situação ficou insustentável, ela fugiu. 
 

Procurou a Missão dos jesuítas de São Francisco Xavier, em Sault, perto de Montreal, onde foi acolhida e recebeu a primeira comunhão, dando um exemplo de extraordinária piedade.
 

Sempre discreta, recolhia-se por longos períodos na floresta, onde, junto a uma cruz que ela havia traçado na casca de uma árvore, ficava em oração. Sem, entretanto, descuidar-se das funções religiosas, do serviço da comunidade e da família que a hospedava. Em 1679, fez voto perpétuo de castidade, expressando o desejo de fundar um convento só para moças indígenas, mas seu guia espiritual não permitiu, em razão da sua delicada saúde. 
 

Aos vinte e quatro anos, ela morreu no dia 17 de abril de 1680. Momentos antes de morrer, o seu rosto desfigurado, tornou-se bonito e sem marcas, milagre presenciado pelos jesuítas e algumas pessoas que a assistiam. O milagre e a fama de suas virtudes espalhou-se rapidamente e possibilitou a conversão de muitos irmãos de sua raça. Catarina, que amou, viveu e conservou o seu cristianismo só com a ajuda da graça, por muitos anos, tornou-se conhecida em todas as nações indígenas como "o lírio dos Mohawks", que intercedia por seus pedidos de graças. 
 

A sua existência curta e pura, como esta flor, conseguiu o que havia almejado: que as nações indígenas dos Estados Unidos e do Canadá conhecessem e vivessem a Paixão de Jesus Cristo. 
 

O papa João Paulo II nomeou-a padroeira da 17ª Jornada Mundial da Juventude realizada no Canadá, em 2002, quando a beatificou.

Ao lado de são Francisco de Assis, a bem-aventurada Catarina Tekakwitha foi honrada pela Igreja com o título de "Padroeira da Ecologia e do Meio Ambiente". Sua festa ocorre no dia 14 de julho.

 

São Francisco Solano
1549-1631

 

Francisco era descendente de nobres, nasceu no dia 10 de março de 1549, em Montilla, na Andaluzia. Os pais, Mateus Sanches Solano e Ana Gimenez, cristãos fervorosos, muito cedo o enviaram para o colégio dos jesuítas, que formariam seu caráter. Aos vinte anos, por inspiração e dons, ordenou-se franciscano. A sua conduta exemplar logo o levou a cargos importantes dentro da Ordem, os quais logo abandonava. O que mais ansiava era ser um missionário. Mesmo não tendo uma retórica eloqüente, arrebatava seus ouvintes pela convicção na fé que professava. 
 

Contudo teve de adiar por uns tempos a execução de seus planos de viajar, porque precisou socorrer sua própria pátria. Uma devastadora peste atacou a Espanha e ele logo pediu para ser aceito como enfermeiro. Tratando dos doentes, principalmente dos mais pobres, acabou contraindo a doença. Mas isso não o abateu. Assim que se recuperou, voltou a cuidar deles. 
 

Enfim, Francisco foi escalado para uma missão evangelizadora no novo continente latino-americano, embarcando em 1589. No caminho, já começaram a despontar os dons que marcariam toda a sua existência. Os relatos informam que uma violenta tempestade atingiu o seu navio, que encalhou num banco de areia. A situação era muito crítica e poderia ser fatal para todos. Porém, com sua presença e palavra de fé, acalmou as pessoas. Em vez de pânico, o que se viu foi brotar a confiança em Deus. Com isso, acabou batizando muitos passageiros e também os escravos negros que viajavam com eles. Logo depois, o que Francisco dissera aconteceu. Um outro navio os avistou e a salvo chegaram ao destino: Lima, no Peru. 
 

Foram quinze anos de apostolado incansável, marcados pela caridade cristã e pela pregação da palavra de Cristo. Francisco protagonizou vários acontecimentos que marcariam não só sua história, como a da própria Igreja. Tinha uma capacidade milagrosa para aprender as novas línguas e a cada tribo catequizava em seu próprio dialeto, conquistando os índios de maneira simples e tranqüila. Além disso, curou muitos doentes, apenas com o toque de seu cordão de franciscano. Livrou totalmente uma vasta região da praga dos gafanhotos. E fez brotar água num lugar seco e deserto, onde muitos doentes se curaram apenas por bebê-la, hoje conhecida como "Fonte de São Francisco Solano". 
 

Enfim, percorreu os três mil quilômetros entre Lima e Tucumán, às margens do rio da Prata, na Argentina, deixando um rastro de pagãos convertidos e feitos fantásticos. Mesmo viajando sem cessar, de Missão em Missão, como catequista, jamais abandonou a caridade e o cuidado com os doentes, características típicas de um frade. 
 

Passou os últimos cinco anos de sua vida em Lima, reformando os conventos de sua Ordem e restaurando a disciplina franciscana que fora perdida. Aos sessenta e quatro anos, pela graça de seus dons, conheceu com antecedência a hora de sua morte. Preparou-se, assim, para sua chegada em 14 de julho de 1631. 
 

Ele foi canonizado, em 1726, pelo papa Bento XIII. São Francisco Solano, também chamado de Apóstolo do Peru e da Argentina, venerado como Padroeiro dos Missionários da América Latina, é festejado no dia de sua morte.

 

 

Dia 18 de junho é dia de São Gregório João Barbarigo

São Gregório João Barbarigo
1625-1697

Fundou a Congregação
dos Oblatos dos Santos
Prosdócimo e Antonio

 

Gregório João Barbarigo nasceu em Veneza, no dia 16 de setembro de 1625, numa família rica da aristocracia italiana.

Aos quatro anos de idade ficou órfão de mãe, sendo educado pelo pai, que encaminhou os filhos no seguimento de Cristo. Foi tão bem sucedido que Gregório, aos dezoito anos de idade, era secretário do embaixador de Veneza. 
 

Em 1648, acompanhou o embaixador à Alemanha para as negociações do Tratado de Vestefália, referente à Guerra dos Trinta Anos. Na ocasião, conheceu Fábio Chigi, o núncio apostólico, que o orientou nos estudos e o encaminhou para o sacerdócio. 
 

Quando o núncio foi eleito papa, com o nome de Alexandre VII, nomeou Gregório Barbarigo cônego de Pádua; em 1655, prelado da Casa pontifícia e dois anos mais tarde foi consagrado bispo de Bérgamo. Finalmente, em 1660, tornou-se cardeal. 
 

O papa sabia o que estava fazendo, pois as atividades apostólicas de Gregório Barbarigo marcaram profundamente a sua época. Dotou o seminário de Pádua com professores notáveis, provenientes não só da Itália, mas também de outros países da Europa, aparelhando a instituição para o estudo das línguas orientais. E fundou uma imprensa poliglota, uma das melhores que a Itália já teve. 
 

Pôde desenvolver plenamente seu trabalho pastoral, fundando escolas populares e instituições para o ensino da religião, para orientação de pais e educadores. Num período de peste, fez o máximo na dedicação ao próximo. Cuidou para estender a assistência à saúde para mais de treze mil pessoas. 
 

Gregório Barbarigo fundou, ainda, inúmeros seminários, que colocou sob as regras de são Carlos Borromeu, e constituiu a Congregação dos Oblatos dos Santos Prosdócimo e Antônio. Foi um dos grandes pacificadores do seu tempo, intervindo, pessoalmente, nas graves disputas políticas de modo que permanecessem apenas no campo das idéias. 
 

Depois de executar tão exuberante obra reformista, morreu em Pádua no dia 18 de junho de 1697.

Foi canonizado por seu conterrâneo, o papa João XXIII, em 1960, que, como afirmou no seu discurso na solenidade, elevou são Gregório João Barbarigo ao posto que ele merecia ocupar na Igreja.

 

 

Dia 17 de junho é dia de São Ranieri de Pisa

São Ranieri de Pisa
1118-1161

 

A cidade de Pisa era, nos séculos XI e XII, um importante pólo comercial marítimo da Itália, que contribuía também no combate aos piratas sarracenos. Assim, paralelamente, ao burburinho dos negócios, a vida mundana da corte era exuberante e tentadora, principalmente para os mais jovens. 
 

Foi nessa época, no ano 1118, que Ranieri Scacceri nasceu em Pisa. Era filho único de Gandulfo e Emengarda, ambos de famílias tradicionais de nobres mercadores riquíssimos. A sua educação foi confiada ao bispo de Kinzica, para que recebesse boa formação religiosa e para os negócios.

Porém Ranieri, mostrando forte inclinação artística, preferiu estudar lira e canto. E para desgosto dos pais e do bispo, seu tutor, ele se entregou à vida fútil e desregrada, apreciando as festas da corte onde se apresentava. Com isso, tornou-se uma figura popular e conhecida na cidade de Pisa. 
 

Aos dezenove anos de idade, impressionado com a vida miserável dos pobres da cidade e percebendo a inutilidade de sua vida, decidiu mudar. Contribuiu para isso o encontro que teve com o eremita Alberto da Córsega, que o estimulou a voltar para a vida de valores cristãos e a serviço de Deus. Foi assim que Ranieri ingressou no Mosteiro de São Vito, em Pisa, apenas como irmão leigo. 
 

Depois de viver, até os vinte e três anos de idade, recolhido como solitário, doou toda a sua fortuna aos pobres e necessitados e partiu em peregrinação à Terra Santa, onde permaneceu por quase quatorze anos.

Viajou por todos os lugares santos de Jerusalém, Acre e outras cidades da Palestina, conduzindo a sua existência pelo caminho da santidade. Foi nessa ocasião que sua virtude taumatúrgica para com os pobres passou a manifestar-se. Vestido com roupas pobres, vivendo só de esmolas, Ranieri lia segredos nos corações, expulsava demônios, realizava curas e conversões. 
 

Já com fama de santidade, em 1154 retornou a Pisa e ao Mosteiro de São Vito, mas sempre como irmão leigo. Em pouco tempo, tornou-se o apóstolo e diretor espiritual dos monges e dos habitantes da cidade. Segundo os registros da Igreja, os seus prodígios ocorriam por meio do pão e da água benzidos, os quais distribuía a todos os aflitos que o solicitavam, o que lhe valeu o apelido de "Ranieri d'água". 
 

Depois de sete anos do seu regresso da longa peregrinação, Ranieri morreu no dia 17 de junho de 1161. E desde então os milagres continuaram a ocorrer por sua intercessão, por meio da água benzida com sua oração ou colocada sobre sua sepultura. 
 

Canonizado pelo papa Alexandre III, são Ranieri de Pisa foi proclamado padroeiro dos viajantes e da cidade de Pisa. A catedral dessa cidade conserva suas relíquias, que são veneradas no dia de sua morte.

 

Dia 8 de junho é dia dos seguintes santos: Santo Efrém, São Medardo e Bem-aventurado Pacífico de Cerano

Santo Efrém,

Confessor e Doutor da Igreja

(Edessa, 373)

 

Efrém nasceu no ano 306, bem no início do século IV, na cidade de Nisibi, atual Turquia. Cresceu em meio a graves conflitos de ordem religiosa, além das heresias que surgiam tentando abalar a unidade da Igreja.

Mas todos eles só serviram de fermento para que sua fé em Cristo e sua ardente devoção à Virgem Maria vigorassem e se firmassem. 
 

O pai de Efrém era sacerdote pagão, embora sua mãe, cristã, defendesse a liberdade religiosa educando o filho dentro dos preceitos da palavra de Cristo. Ele foi educado na infância entre a dualidade do paganismo do pai e do cristianismo da mãe, pois o Edito de Milão, autorizando a liberdade de culto, só entrou em vigor quando ele já tinha sete anos de idade.

 

Mas o patriarca da família jamais aceitou a fé professada pelo filho. Como não o venceu nem com a força, nem com argumentos, expulsou-o de casa. Efrém foi batizado aos dezoito anos e viveu do seu próprio sustento, trabalhando num balneário local. 
 

No ano 338, Nisibi foi invadida pelos persas. Efrém, então diácono, deslocou-se para a cidade de Edessa, também atual Turquia. Os poucos registros sobre sua vida contam-nos que era muito austero. Ele dirigiu e lecionou uma escola que pregava e defendia os princípios cristãos, escrevendo várias obras sobre o tema.

Como não sabia grego, sua obra ficou isenta da influência dos teólogos seus contemporâneos, inclinados à controvérsia da Trindade. Efrém foi um ardente defensor da genuína doutrina cristã antiga. 
 

Com veia poética, seus sermões atraiam multidões e sua escola era muito concorrida pelo conteúdo didático simples e exortativo, atingindo diretamente o povo mais humilde. Na sua época estava-se organizando o canto religioso alternado nas igrejas. Esse movimento foi iniciado pelos bispos Ambrósio de Milão e Diodoro da Antioquia. A colaboração do diácono Efrém de Nisibi foram poesias na língua nativa próprias para o canto coletivo, o que permitiu uma rápida divulgação. 
 

Por sua linguagem poética recebeu o apelido carinhoso de "Harpa do Espírito Santo". Somente a Nossa Senhora dedicou mais de vinte poemas, transformados em hinos. Suas poesias eram tão populares e empolgantes que da Síria espalharam-se e chegaram até o Oriente mediterrâneo, graças a uma cuidadosa e fiel tradução em grego. 
 

Efrém morreu no dia 9 de junho de 373, em Edessa, sem ter sido ordenado sacerdote.

Desde então, é venerado neste dia por sua santidade, tanto pelos católicos do Oriente como do Ocidente.

 

O papa Bento XV declarou-o doutor da Igreja em 1920.

 

São Medardo
457-545

 

Medardo nasceu no ano 457 em Salency, norte da França. Sua mãe era descendente de uma antiga e tradicional família romana, seu pai era um nobre da corte francesa e seu irmão Gildardo foi bispo de Rouen, mais tarde canonizado pela Igreja.

Essa posição social garantiu-lhe uma educação de primeiro nível. Desde criança foi colocado sob a tutela do bispo de Vermand, para receber uma aprimorada formação intelectual e religiosa. 
 

Piedoso e inteligente, logo se evidenciaram seus dons de caridade e humildade, com atitudes que depois eram comentadas por toda a cidade. Ele chegava a ficar sem comer para alimentar os famintos e, certa feita, tirou a roupa do corpo para dá-la a um velhinho cego e quase despido que lhe pediu uma esmola. 
 

Medardo ordenou-se sacerdote aos trinta e três anos e imediatamente começou uma carreira de pregador que ficaria famosa pelos séculos seguintes.

No ano 530, sucedeu o bispo de Noyon, sendo consagrado pelas mãos do bispo de Reims, Remígio, hoje santo, o qual era também conselheiro do rei Clotário, embora este ainda não tivesse se convertido, mas tolerava o cristianismo. 
 

Foi pelas mãos do bispo Medardo que a rainha Radegunda tomou o hábito beneditino. Ela que abandonara o próprio rei Clotário, acusado de fratricídio. Aquela situação delicada não intimidou Medardo, que colocou sua vida em jogo para amparar a rainha cristã, que por motivos políticos fora obrigada a coabitar com um rei pagão. A história conta que Radegunda fundou um mosteiro beneditino, aliás o primeiro a cuidar de doentes, no caso os leprosos. 
 

Mais tarde, quando Medardo já era conhecido como eficiente e contagiante pregador, recebeu do rei Clotário, então convertido, e do conselheiro, o bispo Remígio, o pedido de socorrer uma comunidade vizinha, ainda impregnada de paganismo, a diocese de Tournay. 
 

Dirigiu as duas ao mesmo tempo, de forma perfeita, e converteu tanta gente de Tournay que, pelos quinhentos anos seguintes, elas seguiram sendo uma só diocese. 
 

Mas não parou por aí. A província de Flandres, altamente influenciada pela filosofia dos gregos, tinha um índice de pagãos maior ainda. Novamente, Medardo foi solicitado.

 

Quando morreu em Noyon, no dia 8 de junho em 545, toda aquela província também era católica. 
 

A sua morte foi muito sentida e imediatamente seu culto foi difundido por toda a França, espalhando-se por todo o mundo católico. O rei Clotário mandou trasladar suas relíquias de Noyon para a capital, Soisson, onde, sobre sua sepultura, o sucessor mandou erguer uma abadia, que existe até hoje na França.

 

 Pacífico de Cerano

Bem-aventurado
1424-1482

 

Pacífico Ramati nasceu no ano de 1424 em Cerano, na cidade de Novara, Itália. Muito cedo ficou órfão dos pais, sendo educado e formado pelo superior dos beneditinos do Mosteiro de São Lorenzo de Novara. 
 

Após a morte do seu benfeitor beneditino, ele decidiu seguir a vida religiosa, mas preferiu ingressar na Ordem dos Irmãos Menores Franciscanos, no Convento de São Nazário, dos ilustres João Capristano e Bernardino de Siena, hoje ambos santos da Igreja.

Em 1444, com vinte anos de idade e no ano da morte de são Bernardino, tomou o hábito franciscano. Em seguida, foi enviado para completar os estudos na Universidade de Sorbone, em Paris, regressando para a Itália com o título de doutor. 
 

Desde então se dedicou à pregação e percorreu inúmeras regiões da Itália entre os anos de 1445 e 1471, com tal êxito que era considerado "um novo são Bernardino". O seu apostolado era combater a ignorância religiosa, tanto entre os leigos como no meio do clero, especialmente em relação ao sacramento da penitência.

E não se contentou apenas com as pregações verbais. Escreveu com competência e clareza a "Suma Pacífica da Consciência", publicada em 1474 na linguagem popular, para que todos tivessem acesso, fato raro e uma ousadia para a época. 
 

Pacífico amava a sua cidade natal, visitando-a sempre que podia, por isso mandou construir uma igreja em homenagem à Virgem, para aumentar a devoção à Mãe de Deus. Entretanto, a sua principal ocupação foi com a pregação do Evangelho por meio de uma retórica veemente e clara, na qual se tornou famoso. 
 

Esse foi um período de maravilhosa florescência para a Ordem franciscana, com os conventos se multiplicando, não somente na península italiana, mas também nas ilhas da Sicília e Sardenha. Como visitador e comissário geral da Ordem, Pacífico teve a tarefa de peregrinar por todos eles, como pregador da paz e do evangelho de Cristo.

Em 1471, o papa Xisto IV o enviou em missão à Sardenha e depois, outra vez, em 1480, durante a invasão dos árabes muçulmanos, a fim de organizar uma cruzada especial para expulsá-los. 
 

Na ocasião, Pacífico sentiu que não tinha muito tempo de vida. De fato, logo no início da cruzada caiu gravemente enfermo. Não resistindo, morreu, aos cinqüenta e oito anos, no dia 4 de junho de 1482, em Sassari, na Sardenha, longe de sua querida cidade natal. Porém foi sepultado na igreja franciscana de Cerano, atendendo o desejo que expressara em vida.
 

O papa Bento XIV beatificou-o em 1746, indicando o dia 8 de junho para sua festa litúrgica.

 

Bem-aventurado Pacífico de Cerano é considerado pelos teólogos "insigne por sua doutrina e santidade, consolo e protetor de sua pátria".

 

 

 

 

Dia 7 de junho é dia de Santo Antonio Maria Gianelli

Santo Antônio Maria Gianelli
1789-1846

Fundou as congregações:
Filhas de Maria
Santíssima do Horto
e Oblatos de Santo
Alfonso Maria de Ligório

 

Antônio Maria Gianelli nasceu em Cereta, perto de Chiavari, na Itália, no dia 12 de abril de 1789, ano da Revolução Francesa.

A seu modo, foi também um revolucionário, pois sacudiu as instituições da Igreja no período posterior ao "furacão" Napoleão Bonaparte. 
 

Sua família era de camponeses pobres e nesse ambiente humilde aprendeu a caridade, o espírito de sacrifício, a capacidade de dividir com o próximo. Desde pequeno era muito assíduo à sua paróquia e foi educado no seminário de Genova, onde ingressou em 1807.

Aos vinte e três anos estava formado e ordenado sacerdote. Lecionou letras e retórica e sua primeira obra a impressionar o clero foi um recital organizado para recepcionar o novo bispo de Genova, monsenhor Lambruschini.

Intitulou o recital de "Reforma do Seminário". Assim, tranqüilo, direto e com poucos rodeios; defendia a nova postura na formação de futuros sacerdotes. A repercussão foi imediata e frutificou durante todo o período da restauração pós-napoleônica. 
 

Entre os anos de 1826 e 1838 foi o pároco da igreja de Chiavari, onde continuou intervindo com inovações pastorais e a fundação de várias instituições, entre elas seu próprio seminário. Em 1827, criou uma pequena congregação missionária para sacerdotes, que colocou sob a proteção de santo Afonso Maria de Ligório, destinada a aprimorar o apostolado da pregação ao povo e à organização do clero. 
 

Depois, fundou uma feminina , de caráter beneficente, cultural e assistencial, para a qual deu um nome pouco comum, "Sociedade Econômica", e entregou-a às damas da caridade, destinada à educação gratuita das meninas carentes. Era, na verdade, o embrião da congregação religiosa que seria fundada em 1829, as "Filhas de Maria Santíssima do Horto", depois chamadas de "Irmãs Gianellinas". 
 

Em 1838, foi nomeado bispo de Bobbio. Com a ajuda dos "padres ligorianos", reorganizou sua própria diocese, punindo padres pouco zelosos e até mesmo expulsando os indignos.

Também reconstituiu a pequena congregação com o nome de "Oblatos de Santo Afonso Maria de Ligório".

 

Aos cinqüenta e sete anos, morreu no dia 7 de junho de 1846, em Piaceza. Na obra escrita que deixou, expõe seu pensamento "revolucionário": a moralidade do clero na vida simples e reta de trabalho no seguimento de Cristo. 
 

Reacionária para aqueles tempos tão corrompidos pelo fausto napoleônico das cortes que oprimiam o povo cada vez mais miserável. Portanto um tema atual, que deve ser lembrado, sempre, nas sociedades de qualquer tempo. 
 

Antônio Maria Gianelli foi canonizado por Pio XII em 1951 e suas instituições femininas ainda hoje florescem, principalmente na América Latina. Por esse motivo é chamado de o "Santo das Irmãs".

 

 

Dia 6 de junho é dia dos seguintes santos: São Marcelino Champagnat, São Norberto e São Gerardo Tintori

São Marcelino Champagnat
1789-1840

Fundou a congregação
dos Irmãos Maristas

 

Marcelino José Benedito Champagnat nasceu na aldeia de Marlhes, próxima de Lion França, no dia 20 de maio de 1789, nono filho de uma família de camponeses pobres e muito religiosos.

O pai era um agricultor com instrução acima da média, atuante e respeitado na pequena comunidade. A mãe, além de ajudar o marido vendendo o que produziam, cuidava da casa e da educação dos filhos, auxiliada pela cunhada, que desistira do convento. A família era muito devota de Maria, despertando nos filhos o amor profundo à Mãe de Deus. 
 

Na infância, logo que ingressou na escola, Marcelino sofreu um grande trauma quando o professor castigou um dos seus companheiros. Ele preferiu não freqüentar os estudos e foi trabalhar na lavoura com o pai. E assim o fez até os quatorze anos de idade, quando o pároco o alertou para sua vocação religiosa. 
 

Apesar de sua condição econômica e o seu baixo grau de escolaridade, foi admitido no seminário de Verriérres. Porém, a partir daí, dedicou-se aos estudos enfrentando muitas dificuldades. Aos vinte e sete anos, em 1816, recebeu o diploma e foi ordenado sacerdote no seminário de Lion. 
 

Talvez por influência da sua dura infância, mas movido pelo Espírito Santo, acabou se dedicando aos problemas e à situação de abandono por que passavam os jovens de sua época, no campo da religião e dos estudos. Marcelino rezou e meditou em busca de uma resposta a esses problemas que antecederam e anunciavam a Revolução Francesa. 
 

Numa visita a um rapaz doente, descobriu que este, além de analfabeto, nada sabia sobre Deus e sobre religião. Sua alma estava angustiada com tantas vidas sem sentido e sem guia vagando sem rumo. Foi então que liderou um grupo de jovens para a educação da juventude. Nascia, então, a futura Congregação dos Irmãos Maristas, também chamada de Família Marista, uma Ordem Terceira que leva o nome de Maria e sua proteção. 
 

Sua obra tomou tanto vulto que Marcelino acabou por desligar-se de suas atividades paroquiais, para dedicar-se, completamente, a essa missão apostólica. Determinou que os membros da Congregação não deveriam ser sacerdotes, mas simples irmãos leigos, a fim de assumirem a missão de catequizar e alfabetizar as crianças, jovens e adultos, nas escolas paroquiais. 
 

Ainda vivo, Marcelino teve a graça de ver sua Família Marista crescendo, dando frutos e sendo bem aceita em todos os países aonde chegaram. Ainda hoje, temos como referência a criteriosa e moderna educação marista presente nas melhores escolas do mundo. 
 

Marcelino Champagnat morreu aos cinqüenta e um anos, em 6 de junho de 1840.

Foi beatificado em 1955 e proclamado santo pelo papa João Paulo II em 1999.

Ele é considerado o "Santo da Escola" e um grande precursor dos modernos métodos pedagógicos, que excluem todo tipo de castigo no educando.

 

São Norberto
1080-1134

Fundou a Ordem
dos Cônegos Regulares
Premonstratenses

 

Norberto nasceu, por volta de 1080, em Xauten, na Alemanha. Filho mais novo de uma família da nobreza, podia escolher entre a carreira militar e a religiosa. Norberto escolheu a segunda, mas buscou apenas prazeres e luxos, como faziam muitos nobres da Europa. Circulava em altas rodas, vestindo riquíssimas roupas da moda, dedicando-se a caçadas e à vida da corte, até que um dia foi atingido por um raio, quando cavalgava no bosque. 
 

Seu cavalo morreu e, quando o jovem nobre despertou do desmaio, ouviu uma voz que lhe dizia para abandonar a vida mundana e praticar a virtude para salvar sua alma. Entendeu o acontecido como um presságio para uma conversa com Deus. A partir daquele instante, abandonou a família, amigos, posses e a vida dos prazeres.

Passou a percorrer, na solidão, com os pés descalços e roupa de penitente, os caminhos da Alemanha, Bélgica e França. Para aprimorar o dom da pregação, completou os estudos teológicos no mosteiro de Siegburgo e recebeu a ordenação sacerdotal. 
 

Talvez envergonhado pelo passado, empreendeu a luta por reformas na Igreja, visando acabar com os privilégios dos nobres no interior do cristianismo. Foi muito contestado, principalmente pelo próprio clero, mas conseguiu o apoio do papa e seu trabalho prosperou.Quando as reformas estavam já implantadas e em andamento, retirou-se para a solidão e fundou a Ordem dos Cônegos Regulares Premonstratenses, também conhecida como "dos Monges Brancos", uma referência ao hábito, que é dessa cor. 
 

A principal regra da nova Ordem era fazer com que os sacerdotes vivessem sua vida apostólica com a disciplina e a dedicação dos monges, uma concepção de vida religiosa revolucionária para a época. Mas não encerrou aí seu apostolado, pois desejava continuar como pregador fora do mosteiro. Reiniciou sua obra de evangelização itinerante como um simples sacerdote mendicante. 
 

Em 1126, foi nomeado arcebispo de Magdeburgo, lutando contra o cisma que ameaçava dividir a Igreja naquele tempo. Respeitado pelo rei Lotário III, da Alemanha, foi por ele escolhido para seu conselheiro espiritual e chanceler junto ao papa. Norberto morreu no dia 6 de junho de 1134, na sua sede episcopal, onde foi sepultado. 
 

Ele foi canonizado, em 1582, pelo papa Gregório XIII. Devido à Reforma Protestante, suas relíquias foram trasladadas para a abadia de Strahov, na cidade de Praga, capital da República Tcheca, em 1627, onde estão guardadas até hoje. 
 

Ao lado de são Bernardo, são Norberto é considerado um dos maiores reformadores eclesiásticos do século XII. Atualmente, existem milhares de monges da Ordem de São Norberto, em vários mosteiros encontrados em muitos países de todos os continentes, inclusive no Brasil.

 

São Gerardo Tintori
1135-1207

 

Até o ano do seu nascimento, 1135, os hospitais que surgiram na Europa foram fundados, a maioria, por obra de religiosos. Mas o de Monza, sua cidade natal, em 1174, quem o fez nascer foi ele, Gerardo Tintori.

Ele investiu toda a fortuna que herdou do seu pai, um nobre muito rico, nos doentes abandonados. Colocou a obra sob o controle da prefeitura e dos religiosos da igreja de São João Batista, e reservou para si o trabalho mais exaustivo: carregar nas costas os doentes recolhidos nas ruas, banhá-los, alimentá-los e servi-los. 
 

Alguns voluntários se juntaram a ele, que os organizou como um grupo de leigos, unidos, entretanto, por uma disciplina de vida celibatária. Gerardo era considerado santo ainda em vida por todos os habitantes da cidade. A tradição diz que ele conseguiu impedir uma enchente do rio Lambro, salvando o hospital da inundação; que também enchia as despensas prodigiosamente com alimentos, e a cantina com vinho. 
 

A ele eram atribuídos outros pequenos prodígios, envoltos de delicadeza e poesia:consta que Gerardo pediu aos sacristãos da igreja que o deixassem fazer penitência rezando toda a noite dentro dela, prometendo para eles cestas de cerejas frescas e maduras. E no dia seguinte, de fato, entregou as cerejas maduras para todos. Todavia era o mês de dezembro, nevava e não era a época das cerejas maduras. 
 

Quando ele morreu, no dia 6 de junho de 1207, começaram as peregrinações à sua sepultura, na igreja de Santo Ambrósio, mais tarde incorporada à paróquia da igreja com seu nome. Correu a voz popular contando outros milagres atribuídos à sua intercessão e seu culto propagou-se entre os fiéis. 
 

O reconhecimento canônico de sua santidade só foi obtido por iniciativa do bispo de Milão, Carlos Borromeu, hoje santo, que encaminhou o pedido a Roma. Em 1583, foi proclamada sua canonização pelo papa Gregório XIII. 
 

São Gerardo Tintori é um dos padroeiros da cidade de Monza, e seus compatriotas dedicaram-lhe, no século XVII, um monumento; e até hoje o chamam de "Pai da Cidade".

 

Na igreja de São João Batista, em que ele fazia orações e penitências, pode ser visto seu retrato pintado, onde está representado vestindo roupas surradas, descalço e com uma cesta de cerejas maduras, como as que distribuiu naquela noite de inverno europeu.

 

 

 

Dia 5 de junho é dia de São Bonifácio

São Bonifácio Bispo e Mártir.
(+ Frísia, 754)

 

Pertencendo a uma rica família de nobres ingleses, ao nascer, em 672 ou 673, em Devonshire, recebeu o nome de Winfrid. Como era o costume da época, foi entregue ao mosteiro dos beneditinos ainda na infância para receber boa educação e formação religiosa.

Logo, Winfrid percebeu que sua vocação era o seguimento de Cristo. Aos dezenove anos professou as regras na abadia de Exeter, iniciando o apostolado como professor de regras monásticas primeiro nesta mesma abadia, depois na de Nurslig. 
 

Em seguida, decidiu iniciar seu trabalho missionário para a evangelização dos povos germânicos do além Reno, mas por questões políticas entre o duque Radbod, um pagão, e o rei cristão Carlos Martel, os resultados foram frustrantes.

Em 718, fez, então, uma peregrinação a Roma, onde, em audiência com o papa Gregório II, conseguiu seu apoio para reiniciar sua missão na Alemanha. Além disso, o papa o orientou também a assumir, como missionário, o nome de Bonifácio, célebre mártir romano. 
 

Bonifácio parou primeiro na Turíngia, depois dirigiu-se à Frísia, realizando as primeiras conversões nessas regiões. Durante três anos percorreu quase toda a Alemanha e, numa segunda viagem a Roma, o papa, agora já outro, entusiasmado com seu trabalho, nomeou-o bispo de Mainz. Esse contato constante com os pontífices foi importante, pois a Igreja na Alemanha foi implantada em plena consonância com a orientação central da Santa Sé.

 

Bonifácio fundou o mosteiro de Fulda, centro propulsor da cultura religiosa alemã, só comparável ao italiano de Montecassino. E muitos outros mosteiros masculinos e femininos, igrejas e catedrais de norte a sul do país, recrutando os beneditinos da Inglaterra. Acabou estendendo sua missão até a França. 
 

Incansável, com sua sede episcopal fixada em Mainz, atuou em vários concílios e promulgou várias leis. Em 754, foi para o norte da Europa, região onde atualmente se encontra a Holanda.

No dia 5 de junho do mesmo ano, dia de Pentecostes, foi ao encontro de um grande grupo de catecúmenos de Dokkun, os quais receberiam o crisma. Mal iniciou a santa missa, o local foi invadido por um bando de pagãos frísios. Os cristãos foram todos trucidados e Bonifácio teve a cabeça partida ao meio por um golpe de espada. 
 

Mesmo que são Bonifácio não tenha evangelizado por completo a Alemanha, ao menos se pode afirmar que foi graças a ele que isso aconteceu, nos tempos seguintes, como herança de seu trabalho.

 

São Bonifácio é venerado como o "Apóstolo da Alemanha".

 

Seu corpo foi sepultado na igreja do mosteiro de Fulda, que ainda hoje o conserva, pois em vida havia expressado essa vontade.

 

 

Dia 4 de junho é dia de Santa Clotilde e São Francisco Caracciolo

Santa Clotilde
475-545

 

Clotilde nasceu em Lion, França, no ano 475, filha do rei ariano Childerico de Borgonha. Mais tarde, o rei, junto com a esposa e três dos seus cinco filhos, foi assassinado pelo próprio irmão, que lhe tomou o trono. Duas princesas foram poupadas, uma era Clotilde. 
 

A menina foi entregue a uma tia, que a educou na religião católica. Cresceu muito bonita, delicada, gentil, dotada de grande inteligência e sabedoria. Clodoveu, rei dos francos, encantou-se por ela. Foi aconselhado pelos bispos católicos do seu reino a pedir a mão de Clotilde. Ela aceitou e tornou-se a rainha dos francos. 
 

Ao lado do marido, pagão, irrascível, ambicioso e guerreiro, Clotilde representava a gentileza, a bondade e a piedade cristã. Imbuída da vontade de fazer o rei tornar-se cristão, para que ele fosse mais justo com seus súditos oprimidos e parasse com as conquistas sangrentas, ela iniciou sua obra de paciência, de persuasão e de bom exemplo católico. 
 

Clodoveu, de fato, amava muito a esposa. Com ela teve três herdeiros, que, infelizmente, herdaram o seu espírito belicoso. Não se importava que Clotilde rezasse para seu Deus, em vez de ir ao templo pagão levar oferendas aos deuses pagãos, quando partia e voltava vitorioso dos combates. Por outro lado, apreciava os conselhos do bispo de Reims, Remígio, agora santo, que se tornara confessor e amigo pessoal da rainha. Com certeza, a graça já atuava no coração do rei. 
 

Foi durante a batalha contra os alemães, em 496, que ele foi tocado pela fé. O seu exercito estava quase aniquilado quando se lembrou do "Deus de Clotilde". Ele se ajoelhou e rezou para Jesus Cristo, prometendo converter-se, bem como todo o seu exército e reino, se conseguisse a vitória. E isso aconteceu. 
 

Clodoveu, ao vencer os alemães, unificou o reino dos francos, formando o da França, do qual foi consagrado o único rei. Pediu o batismo ao bispo Remígio, assistido por todos os súditos. Em seguida, todos os soldados do exército foram batizados, seguidos por toda a corte e súditos. Ele tornou a França um Estado católico, o primeiro do Ocidente, em meio a tantos reinos pagãos ou arianos. 
 

Clotilde e Clodoveu construíram a igreja dos Apóstolos, hoje chamada de igreja de Santa Genoveva, em Paris. Mas logo depois Clodoveu morreu. Pela lei dos francos, quando o rei morria o reino era dividido entre os filhos homens, que eram três. 
 

Foi então que começou o longo período de sofrimento da rainha Clotilde, assistido por todos os seus súditos que a amavam e a chamavam de "rainha santa".Os filhos envolveram-se em lutas sangrentas disputando o reino entre si, gerando muitas mortes na família. Então, Clotilde retirou-se para a cidade de Tours, perto do sepulcro de são Martinho, para rezar, construir igrejas, mosteiros e hospitais para os pobres e abandonados. 
 

Depois de trinta e quatro anos, a rainha faleceu, no dia 3 de junho de 545, na presença de seus filhos. Imediatamente, a fama de sua santidade propagou-se. O culto a santa Clotilde foi autorizado pela Igreja.

 

A sua memória tornou-se uma bênção para o povo francês e para todo o mundo católico, sendo venerada no dia de sua morte.

 

São Francisco Caracciolo
1563-1608

Fundou a Ordem dos
Clérigos Regulares Menores

 

Ascânio Caracciolo era um italiano descendente, por parte de mãe, de santo Tomás de Aquino, portanto, como ele, tinha vínculos com a elite da nobreza.

Nasceu próximo de Nápoles, na Vila Santa Maria de Chieti, em 13 de outubro de 1563. A família, muito cristã, preparou-o para a vida de negócios e da política, em meio às festas sociais e aos esportes. 
 

Na adolescência, decidiu pela carreira militar. Mas foi acometido por uma doença rara na pele, parecida com a lepra e incurável também. Quando todos os tratamentos se esgotaram, Ascânio rezou com fervor a Deus, pedindo que ele o curasse e prometendo que, se tal graça fosse concedida, entregaria a sua vida somente a seu serviço. Pouco depois a cura aconteceu. 
 

Cumprindo sua determinação, tinha então vinte e dois anos, foi para Nápoles, onde estudou teologia e ordenou-se sacerdote. Começou seu trabalho junto aos "Padres Brancos da Justiça", que se dedicavam ao apostolado dos encarcerados, doentes e pobres abandonados. 
 

Entretanto, Deus tinha outros planos para ele. Na organização dos "Padres Brancos" havia um outro sacerdote que tinha exatamente o seu nome: Ascânio Caracciolo, só que era mais velho. Certo dia de 1588, o correio cometeu um erro, entregando uma carta endereçada ao Ascânio mais velho para o mais jovem, no caso ele.

A carta fora escrita pelo sacerdote João Agostinho Adorno e por Fabrício Caracciolo, abade de Santa Maria Maior de Nápoles. E ambos se dirigiam ao velho Ascânio Caracciolo para pedir que colaborasse com a fundação de uma nova Ordem, a dos "Clérigos Regulares Menores", dando alguns detalhes sobre o carisma que desejavam implantar.
 

O jovem Ascânio percebeu que a nova Ordem vinha ao encontro com o que ele procurava e foi conversar com os dois sacerdotes. Depois os três se isolaram no mosteiro dos camaldulenses, para rezar, jejuar e pedir a luz do Espírito Santo para a elaboração das Regras. Ao final de quarenta dias, com os regulamentos prontos, Ascânio propôs que fosse incluído um quarto voto, além dos três habituais de pobreza, obediência e castidade: o de não aceitar nenhum posto de hierarquia eclesiástica. O voto foi aceito e incorporado à nova Ordem. 
 

Quando a comunidade contava com doze integrantes, os três foram ao papa Xisto V pedir sua aprovação, concedida no dia 1° de junho de 1588. Um ano depois, Ascânio vestiu o habito dos Clérigos Regulares Menores tomando o nome de Francisco, em homenagem ao santo de Assis, no qual se espelhava. 
 

Eles pretendiam estabelecer-se em Nápoles, mas o papa sugeriu que fossem para a Espanha, região que carecia de novas Ordens. Porém, ao chegarem em Madri, o rei não permitiu a sua fundação. Voltaram para Nápoles. Nessa ocasião morreu Adorno, que era o prepósito geral da Ordem, tarefa que Francisco Caracciolo assumiu com humildade até morrer. 
 

Fiel ao pedido do papa, não desistiu da Espanha, para onde voltou outras vezes. Entre 1595 e 1598, Francisco fundou, em Valadolid, uma casa de religiosos; em Alcalá, um colégio; e, em Madri, um seminário, no qual foi mestre dos noviços. Mais tarde, retornou para a Casa-mãe em Nápoles, que fora transferida para Santa Maria Maior devido ao seu rápido crescimento. 
 

Foram atividades intensas de que seu corpo frágil logo se ressentiu. Adoeceu durante uma visita aos padres do Oratório da cidade de Agnone e morreu, aos quarenta e quatro anos de idade, em 4 de junho de 1608.

 

Canonizado em 1807 pelo papa Pio VII, são Francisco Caracciolo foi consagrado co-padroeiro de Nápoles em 1840.

 

 

Dia 3 de junho é dia dos Santos Carlos Lwanga e 21 companheiros mártires

Santos Carlos Lwanga e 21 companheiros mártires
+ 1886

 

O povo africano talvez tenha sido o último a receber a evangelização cristã, mas já possui seus mártires homenageados na história da Igreja Católica. O continente só foi aberto aos europeus depois da metade do século XIX.

Antes disso, as relações entre as culturas davam-se de forma violenta, principalmente por meio do comércio de escravos. Portanto, não é de estranhar que os primeiros missionários encontrassem, ali, enorme oposição, que lhes custava, muitas vezes, as próprias vidas. 
 

A pregação começou por Uganda, em 1879, onde conseguiu chegar a "Padres Brancos", congregação fundada pelo cardeal Lavigérie. Posteriormente, somaram-se a eles os padres combonianos. A maior dificuldade era mostrar a diferença entre missionários e colonizadores. Aos poucos, com paciência, muitos nativos africanos foram catequizados, até mesmo pajens da corte do rei. Isso lhes causou a morte, quase sete anos depois de iniciados os trabalhos missionários, quando um novo rei assumiu o trono em 1886. 
 

O rei Muanga decidiu acabar com a presença cristã em Uganda. Um pajem de dezessete anos chamado Dionísio foi apanhado pelo rei ensinando religião. De próprio punho Muanga atravessou seu peito com uma lança, deixou-o agonizando por toda uma noite e só permitiu sua decapitação na manhã seguinte. Usou o exemplo para avisar que mandaria matar todos os que rezavam, isto é, os cristãos. 
 

Compreendendo a gravidade da situação, o chefe dos pajens, Carlos Lwanga, reuniu todos eles e fez com que rezassem juntos, batizou os que ainda não haviam recebido o batismo e prepararam-se para um final trágico. Nenhum desses jovens, cuja idade não passava de vinte anos, alguns com até treze anos de idade, arredou pé de suas convicções e foram todos encarcerados na prisão em Namugongo, a setenta quilômetros da capital, Kampala. No dia seguinte, os vinte e dois foram condenados à morte e cruelmente executados.

 

Era o dia 3 de junho de 1886, e para tentar não fazer tantos mártires, que poderiam atrair mais conversões, o rei mandou que Carlos Lwanga morresse primeiro, queimado vivo, dando a chance de que os demais evitassem a morte renegando sua fé. De nada adiantou e os demais cristãos também foram mortos, sob torturas brutais, com alguns sendo queimados vivos. 
 

Os vinte e dois mártires de Uganda foram beatificados em 1920.

 

Carlos Lwanga foi declarado "Padroeiro da Juventude Africana" em 1934.

 

Trinta anos depois, o papa Paulo VI canonizou esse grupo de mártires. O mesmo pontífice, em 1969, consagrou o altar do grandioso santuário construído no local onde fora a prisão em Namugongo, na qual os vinte e um pagens, dirigidos por Carlos Lwanga, rezavam aguardando a hora de testemunhar a fé em Cristo.

 

 

Dia 2 de junho é dia de Santos Marcelino e Pedro e Santo Erasmo

Santos Marcelino e Pedro
Século IV

 

O papa Dâmaso, que na época era um adolescente e testemunhou os acontecimentos. Foi assim que tudo relatou. 
 

Na Roma dos tempos terríveis e sangrentos do imperador Diocleciano, padre Marcelino era um dos sacerdotes mais respeitados entre o clero romano. Por meio dele e de Pedro, outro sacerdote, exorcista, muitas conversões ocorreram na capital do império. Como os dois se tornaram conhecidos por todos daquela comunidade, inclusive pelos pagãos, não demorou a serem denunciados como cristãos. Isso porque os mais visados eram os líderes da nova religião e os que se destacavam como exemplo entre a população. I

ntimados, Marcelino e Pedro foram presos para julgamento. No cárcere, conheceram Artêmio, o diretor da prisão. 
 

Alguns dias depois notaram que Artêmio andava triste. Conversaram com ele e o miliciano contou que sua filha Paulinha estava à beira da morte, atacada por convulsões e contorções espantosas, motivadas por um mal misterioso que os médicos não descobriam a causa. Para os dois, aquilo indicava uma possessão demoníaca. Falaram sobre o cristianismo, Deus e o demônio e sobre a libertação dos males pela fé em Jesus Cristo. Mas Artêmino não lhes deu crédito. Até que naquela noite presenciou um milagre que mudou seu destino.

 

Segundo consta, um anjo libertou Pedro das correntes e ferros e o conduziu à casa de Artêmio. O miliciano, perplexo, apresentou-o à sua esposa, Cândida. Pedro, então, disse ao casal que a cura da filha Paulinha dependeria de suas sinceras conversões. Começou a pregar a Palavra de Cristo e pouco depois os dois se converteram. Paulinha se curou e se converteu também. 
 

Dias depois, Artêmio libertou Marcelino e Pedro, provocando a ira de seus superiores. Os dois foram recapturados e condenados à decapitação. Entrementes, Artêmio, Cândida e Paulinha foram escondidos pelos cristãos, mas eles passaram a evangelizar publicamente, conseguindo muitas conversões. Assim, logo foram localizados e imediatamente executados. Artêmio morreu decapitado, enquanto Cândida e Paulinha foram colocadas vivas dentro de uma vala que foi sendo coberta por pedras até morrerem sufocadas. 
 

Quanto aos santos, o prefeito de Roma ordenou que fossem também decapitados, porém fora da cidade, para que não houvesse comoção popular. Foram levados para um bosque isolado onde lhes cortaram as cabeças. Era o dia 2 de junho de 304. 
 

Os seus corpos ficaram escondidos numa gruta límpida por muito tempo. Depois foram encontrados por uma rica e pia senhora, de nome Lucila, que desejava dar uma digna e cristã sepultura aos santos de sua devoção.

O culto dedicado a eles se espalhou no mundo católico até que o imperador Constantino mandou construir sobre essas sepulturas uma igreja.

Outros séculos se passaram e, em 1751, no lugar da igreja foi erguida a belíssima basílica de São Marcelino e São Pedro, para conservar a memória dos dois santos mártires, a qual existe até hoje.

 

Santo Erasmo
Século IV

 

A tradição cristã descreveu a vida de Erasmo com passagens surpreendentes.Ele pertencia ao clero da Antioquia. Foi forçado, durante a perseguição do imperador Diocleciano, a esconder-se numa caverna no Monte Líbano durante sete anos. Capturado e longamente torturado, foi levado para ser julgado pelo imperador, que tentou de todas as formas fazer com que renegasse a fé em Cristo. Porém Erasmo manteve-se firme e por isso novamente voltou para a prisão.

De lá foi milagrosamente libertado por um anjo que o levou para a Dalmácia, onde fez milhares de conversões durante mais sete anos. 
 

Na época do imperador Maximiano, novamente foi preso e no tribunal, além de destruir um ídolo falso, declarou sua incontestável religião cristã. Tal atitude de Erasmo fez milhares de pagãos converterem-se, as quais depois foram mortas pela perseguição desse enfurecido imperador.

 

Outra vez teria sido horrivelmente torturado e também libertado, agora pelo arcanjo Miguel, que o conduziu para a costa do sul da Itália. Ali se tornou o bispo de Fornia, mas por um breve período. Morreu pouco depois devido às feridas de seus dois suplícios, por este motivo recebeu o título de mártir. 
 

As muitas tradições descreveram algumas particularidades sobre as crueldades impostas nas suas torturas. Dizem que seu ventre foi cortado e aos poucos os seus intestinos foram retirados. Devido a esse suplício, santo Erasmo tornou-se, para os fiéis, o protetor das enfermidades do ventre, dos intestinos e das dores do parto. 
 

Os marinheiros ainda hoje são muito devotos de santo Erasmo, ou são Elmo, como também o chamam. Desde a Idade Média eles o tomaram como seu padroeiro, invocado-o especialmente durante as adversidades no mar. 
 

As fontes históricas da Igreja também comprovam a existência de Erasmo como mártir e bispo de Fornia, Itália. Dentre elas estão o Martirológio Gerominiano, que indicou o dia 2 de junho para sua veneração e a inscrição do seu nome entre os mártires no calendário marmóreo de Nápoles. 
 

O papa são Gregório Magno, no fim do século VI, escrevendo ao bispo Bacauda, de Fornia, atestou que o corpo de santo Erasmo estava sepultado na igreja daquela diocese.

No ano 842, depois de Fornia ser destruída pelos árabes muçulmanos, as suas relíquias foram transferidas para a cidade de Gaeta e escondidas num dos pilares da igreja, de onde foram retiradas em 917. A partir de então, santo Erasmo foi declarado padroeiro de Gaeta, e em sua homenagem foram cunhadas moedas com a sua esfinge. 
 

Após a recente revisão do calendário litúrgico, a Igreja manteve a festa deste santo no dia em que sempre foi tradicionalmente celebrado.

 

 

Dia 1º de junho é dia do mártir São Justino, Santo Aníbal Maria de Francia e do bem-aventurado João Batista Scalabrini

São Justino, Mártir
103-164

 

Justino nasceu na cidade de Flávia Neápolis, na Samaria, Palestina, no ano 103, início do século II, quando o cristianismo ainda se estruturava como religião católica. Tinha origem latina e seu pai se chamava Prisco. 
 

Ele foi educado e se formou nas melhores escolas do seu tempo, cursando filosofia e especializando-se nas teorias de Platão. Tinha alma de eremita e abandonou a civilização para viver na solidão. Diz a tradição que foi nessa fase de isolamento que recebeu a visita de um misterioso ancião, que lhe falou sobre o Evangelho, as profecias e seu cumprimento com a Paixão de Jesus, abalando suas convicções e depois desaparecendo misteriosamente. 
 

Anos mais tarde, acompanhou uma sangrenta perseguição aos cristãos, conversou com outros deles e acabou convertendo-se, mesmo tendo conhecimento das penas e execuções impostas aos seguidores da religião cristã.

 

Foi batizado no ano 130 na cidade de Efeso, instante em que substituiu a filosofia de Platão pela verdade de Cristo, tornando-se, historicamente, o primeiro dos Padres da Igreja que sucederam os Padres apostólicos dos primeiros tempos. 
 

No ano seguinte estava em Roma, onde passou a travar discussões filosóficas, encaminhando-as para a visão do Evangelho. Muito culto, era assim que evangelizava entre os letrados, pois esse era o mundo onde melhor transitava. Era um missionário filósofo, que, além de falar, escrevia. 
 

Deixou muitos livros importantes, cujos ensinamentos influenciaram e ainda estão presentes na catequese e na doutrina dogmática da Igreja. Embora tenham alcançado nossos tempos apenas três de suas apologias, a mais célebre delas é o Diálogo com Trifão. Seus registros abriram caminhos à polêmica anti-judaica na literatura cristã, além de fornecerem-nos importantes informações sobre ritos e administração dos sacramentos na Igreja primitiva. 
 

Bem-sucedido em todas as discussões filosóficas, conseguiu converter muitas pessoas influentes, ganhando com isso muitos inimigos também. Principalmente a ira dos filósofos pagãos Trifão e Crescêncio. Este último, após ter sido humilhado pelos argumentos de Justino, prometeu vingança e o denunciou como cristão ao imperador Marco Aurélio.

 

Justino foi levado a julgamento e, como não se dobrou às ameaças, acabou flagelado e decapitado com outros companheiros, que como ele testemunharam sua fé em Cristo no ano 164, em Roma, Itália.

 

Santo Aníbal Maria di Francia
1851-1927

Fundou duas Congregações religiosas:
Filhas do Divino Zelo
e os Rogacionistas do Coração de Jesus

 

Filho de nobres da aristocracia siciliana, Aníbal Maria di Francia nasceu na cidade italiana de Messina no dia 5 de julho de 1851. 
 

Terceiro de quatro filhos, aos quinze meses ficou órfão de pai. A dura experiência de não conviver com a figura paterna desenvolveu-lhe um especial amor e compreensão às necessidades das crianças órfãs, pobres e abandonadas. Para elas dedicou toda a sua vida de apostolado e por elas nunca deixou de ser um simples padre, embora as oportunidades no clero não lhe faltassem. 
 

Aos dezoito anos recebeu o forte chamado à vida religiosa e ordenou-se sacerdote em 1878. O contato com o terrível mundo dos miseráveis e pobres deu-se poucos meses antes de sua consagração, quando conheceu a Casa de Avignon, o pior e mais esquecido local da cidade. Local que depois se tornou o campo de atuação do seu ministério. 
 

Nele realizou o que definiu como o "espírito da dupla caridade: evangelização e socorro aos pobres", iniciando a criação dos Orfanatos Antonianos, masculinos e femininos, colocados sob a guarda de santo Antônio de Pádua. Para mantê-los, não teve dúvidas, tornou-se mendicante, indo de porta em porta pedir subsídios. Depois desenvolveu a devoção do "pão de santo Antônio", responsável, por muito tempo, pela sustentação de suas obras. 
 

Os milhões e milhões de pessoas ainda não-evangelizadas eram um pensamento constante que o consumia. Pregando ao Espírito Santo, encontrou a luz para essa inquietação no próprio Senhor Jesus, que disse: "Rogai ao Senhor da messe, para que envie trabalhadores para sua messe". Assim inspirado, fundou duas congregações religiosas: as Filhas do Divino Zelo, em 1887, e, dez anos depois, os Rogacionistas do Coração de Jesus. 
 

Dizia frequentemente que a Igreja, para realizar a sua missão, tem necessidade de sacerdotes, numerosos e santos, segundo o Coração de Jesus. Padre Aníbal viveu por esta grande causa, com fama de santidade, em meio aos mais necessitados e abandonados. Além disso, deu uma atenção concreta às necessidades espirituais e materiais dos sacerdotes. 
 

Amado e respeitado por todos, foi reconhecido como o "Pai dos órfãos e pobres", até morrer, no dia 1º de junho de 1927. O seu corpo foi sepultado no Templo da Rogação Evangélica do Coração de Jesus e Santuário de Santo Antonio de Pádua, fundado por ele em 1926, em Messina. 
 

O papa João Paulo II proclamou santo o padre Aníbal Maria di Francia, marcou sua celebração litúrgica para o dia de seu trânsito e o definiu como o "apóstolo da moderna pastoral vocacional" em 2004.

 

João Batista Scalabrini

Bem-aventurado 
1839-1905

Fundou a Congregação
dos Missionários de São Carlos Borromeu

 

João Batista Scalabrini, nasceu perto de Como, Itália, em 8 de julho de 1839. A sua família era humilde, honesta e cristã. Ele desejou tornar-se padre e entrou no seminário diocesano, no qual se distinguiu pela inteligência e perseverança. Foi ordenado sacerdote em 1863. Iniciou o apostolado como professor do seminário e colaborador em paróquias da região. Possuía alma de missionário, mas não conseguiu realizar sua vontade de ser um deles na Índia. 
 

Scalabrini foi designado pároco da paróquia urbana de São Bartolomeu em 1871. Seu ministério foi marcante e priorizou a catequese da infância e da juventude. Atento aos inúmeros problemas sociais do seu tempo, escreveu vários livros e publicou até um catecismo. 
 

Ao ser nomeado bispo de Piacenza, ficou surpreso. Tinha trinta e seis anos e lá permaneceu quase trinta como pastor sábio, prudente e zeloso. Reorganizou os seminários, cuidando da reforma dos estudos eclesiásticos. Foi incansável na pregação, administração dos sacramentos e na formação do povo. 
 

Scalabrini, como excelente observador da realidade de sua época, fundou um instituto para surdos-mudos e uma organização assistencial para mulheres abandonadas das zonas rurais, pertencentes à sua diocese.

Mas o trabalho que mais o instigou e para o qual não media esforços foi o que desenvolveu com os migrantes. Entre os anos de 1850 e 1900, foram milhões de europeus que deixaram seus lares e pátria em busca da sobrevivência. Para eles o bispo Scalabrini criou a Casa dos Migrantes. 
 

Um dia, ele estava na estação ferroviária e viu centenas de migrantes esperando, com suas trouxas, o trem que os levaria ao porto de embarque. A situação de pobreza e abandono desses irmãos infelizes marcaram para sempre seu coração. Em seguida, Scalabrini recebeu uma carta de um emigrante da América do Sul, suplicando que um padre fosse para aquele continente, porque, como dizia, "aqui se vive e se morre como os animais". 
 

A partir daquele momento, Scalabrini foi o apóstolo dos italianos que abandonaram a própria pátria. Em 1887, fundou a Congregação dos Missionários de São Carlos Borromeu, conhecidos atualmente como padres scalabrinianos, para a assistência religiosa, moral e social aos emigrantes em todo o mundo, e criou a Sociedade São Rafael, um movimento leigo a serviço dos migrantes. 
 

Ele próprio planejou e realizou viagens para visitar os missionários na América Latina, pois queria que estivessem estimulados e encorajados a dar a assistência religiosa e social aos emigrantes. Percebendo que sua obra não estava completa, em 1895 fundou a Congregação das Missionárias de São Carlos Borromeu, hoje das irmãs scalabrinianas, e concedeu reconhecimento diocesano às Irmãs Apóstolas do Sagrado Coração, enviando-as para o trabalho com os emigrantes italianos do Brasil em 1900.Apesar de todo esse trabalho, jamais descuidou de sua diocese. 
 

Scalabrini dizia que sua inspiração tinha origem na ilimitada fé em Jesus Cristo presente na eucaristia e na oferta dele na cruz. Morreu no dia 1º de junho de 1905, na cidade de Piacenza, Itália, deixando esta mensagem aos seus filhos e filhas: "Levai onde quer que esteja um migrante o conforto da fé e o sorriso de sua pátria. Devemos sair do templo, se quisermos exercer uma ação salutar dentro do templo".

 

O papa João Paulo II beatificou-o com o título de "Pai dos Migrantes" em 1997.

 

 

DIA 31 DE MAIO É DIA DE NOSSA SENHORA DA VISITAÇÃO, SÃO FELIX DE NICÓSIA E DA BEM-AVENTURADA CAMILA BATISTA DA VARANO

NOSSA SENHORA DA VISITAÇÃO
 

 Neste dia a Igreja festeja a visita de Nossa Senhora (que já portava em seu seio puríssimo a Nosso Senhor Jesus Cristo) a sua prima Santa Isabel, que se achava grávida e da qual nasceria São João Batista, o Precursor.

 

SÃO FÉLIX DE NICÓSIA

 

 

Félix nasceu em Nicósia, na Itália, em 5 de novembro de 1715, filho de Filipe Amoroso e Carmela Pirro, de origem humilde e analfabeto.

Diz o postulador de sua causa de canonização, padre Florio Tessari: "Órfão de pai desde seu nascimento, era proveniente de uma família que conseguia sobreviver com muita dificuldade". 
 

Vivia próximo ao convento dos frades capuchinhos. Frequentava a comunidade dos frades e admirava o seu modo de viver. Sempre que visitava o convento, sentia-se fortemente atraído por aquela vida: alegria na austeridade, liberdade na pobreza, penitência, oração, caridade e espírito missionário. 
 

Aos 18 anos de idade, em 1735, bateu à porta do convento, pedindo para ser acolhido como irmão leigo, por ser analfabeto. A resposta foi negativa. Porém insistiu muitas vezes, sem se cansar. Após dez anos de espera, foi acolhido na Ordem dos Frades Menores Capuchinhos com o nome de irmão Félix de Nicósia.

 

Depois do noviciado e da profissão religiosa, foi destinado a Nicósia, onde permaneceu durante toda a vida, tornando-se, na cidade, uma presença de espiritualidade radicada no meio do povo. 
 

Afirma o padre Florio Tessari: "Analfabeto, mas não de Deus e de seu Espírito, Félix entendeu que o segredo da vida não consiste em indicar, com força, a Deus, a nossa vontade, mas em fazer sempre alegremente a vontade dele. Essa simples descoberta lhe permitiu ver sempre, em tudo e apesar de tudo, Deus e seu amor; particularmente onde é mais difícil identificá-lo. Deixando-se somente invadir e preencher-se de Deus, ia imediatamente ao coração das coisas, à raiz da vida, onde tudo se recompõe na sua originária harmonia. Para fazer isso não precisa muita coisa, não precisa tantas palavras. Basta a essencial sabedoria do coração onde habita, fala e age o Espírito". 
 

Morreu no dia 31 de maio de 1787. Foi beatificado pelo papa Leão XIII em 12 de fevereiro de 1888 e proclamado santo pelo papa Bento XVI no dia 23 de outubro de 2005.

 

BEM-AVENTURADA CAMILA BATISTA DA VARANO

 

 

O príncipe Júlio César de Varano, senhor do ducado de Camerino, era um fidalgo guerreiro e alegre, muito generoso com o povo e sedutor com as damas.

Tinha cinco filhos antes de se casar, aos vinte anos, com Joana, filha do duque de Rimini, que completara doze anos de idade. Tiveram três filhos. Criou todos juntos no seu palácio de Camerino, sem distinção entre os legítimos e os naturais. 
 

Camila era sua filha primogênita, fruto de uma aventura amorosa com uma nobre dama da corte. Nasceu em 9 de abril de 1458. Cresceu bela, inteligente, caridosa e piedosa. Tinha uma personalidade sedutora e divertida, apreciava dançar e cantar. Tinha herdado o temperamento do pai, motivo de orgulho para ele, que a amava muito. 
 

Ainda criança, depois de ouvir uma pregação sobre a Paixão de Jesus Cristo, fez um voto particular: derramar pelo menos uma lágrima todas as sextas-feiras, recordando todos os sofrimentos do Senhor. Porém tinha dificuldade para conciliar o voto à vida divertida que levava, quando não conseguia vertê-la sentia-se mal toda a semana. Mas esse exercício constante, a leitura sobre mística e o estudo da religião, amadureceram a espiritualidade de Camila, que durante as orações das sextas-feiras ficava tão comovida que chorava muito. 
 

Aos dezoito anos, já sentia o chamado para a vida religiosa, mas continuava atraída pela vida e os divertimentos da corte. Quando conseguiu afastar todas as tentações, pediu a seu pai para ingressar num convento. Ele foi categórico e não permitiu.

 

Camila ficou sete meses doente por causa disso. Seu pai fez de tudo, mas ela não desistiu. Após dois anos, acabou consentindo. Assim, aos vinte e três anos, em 1481, ingressou no mosteiro das clarissas, em Urbino, tomando o nome de irmã Batista e vestindo o hábito da Ordem. 
 

O príncipe, entretanto, queria a filha próxima de si. Por isso comprou um convento da região e entregou aos franciscanos, para que o transformassem num mosteiro de clarissas. O primeiro núcleo saiu de Urbino, trazendo nove religiosas, entre as quais irmã Camila Batista, como a chamavam, que se tornou a abadessa do novo mosteiro de Camerino. 
 

Os anos que se sucederam foram de grandes experiências místicas para Camila Batista, sempre centradas na Paixão e Morte de Jesus Cristo. Escreveu o famoso livro "As dores mentais de Jesus na sua Paixão", que se tornou um guia de meditação para grandes santos. Depois ela própria se tornou uma referência para as autoridades civis e religiosas que procuravam seus conselhos. 
 

Morreu com fama de santidade, em 31 de maio de 1524, nesse mosteiro. A cerimônia do funeral se desenvolveu no pátio interno do palácio paterno.

 

Foi declarada beata Camila Batista de Varano pela Igreja, para ser celebrada no dia de sua morte.

 

 

Dia 30 de maio é dia de Santa Joana d'Arc, São Fernando III e São José Marello

 

Santa Joana d'Arc
1412-1431

 

Filha de Jaques d'Arc e Isabel, camponeses muito pobres, Joana nasceu em Domrémy, na região francesa de Lorena, em 6 de janeiro de 1412.

Cresceu no meio rural, piedosa, devota e analfabeta, assinava seu nome utilizando uma simples, mas significativa, cruz. Significativa porque já aos treze anos começou a viver experiências místicas. 
 

Ouvia as "vozes" do arcanjo Miguel, das santas Catarina de Alexandria e Margarida de Antioquia, avisando que ela teria uma importante missão pela frente e deveria preparar-se para ela. Os pais, no início, não deram importância, depois acharam que estava louca e por fim acreditaram, mas temeram por Joana. 
 

A França vivia a Guerra dos Cem Anos com a Inglaterra, governada por Henrique VI. Os franceses estavam enfraquecidos com o rei deposto e os ingleses tentando firmar seus exércitos para tomar de vez o trono. As mensagens que Joana recebia exigiam que ela expulsasse os invasores, reconquistasse a cidade de Orleans e reconduzisse ao trono o rei Carlos VII, para ser coroado na catedral de Reims, novamente como legítimo rei da França.

A ordem para ela não parecia impossível, bastava cumpri-la, pois tinha certeza de que Deus estava a seu lado. O problema maior era conseguir falar pessoalmente com o rei deposto. 
 

Conseguiu aos dezoito anos de idade. Carlos VII só concordou em seguir seus conselhos quando percebeu que ela realmente tinha por trás de si o sinal de Deus. Isso porque Joana falou com o rei sobre assuntos que na verdade eram segredos militares e de Estado, que ninguém conhecia, a não ser ele. Deu-lhe, então, a chefia de seus exércitos. Joana vestiu armadura de aço, empunhou como única arma uma bandeira com a cruz e os nomes de Jesus e Maria nela bordados, chamando os comandantes à luta pela pátria e por Deus. 
 

E o que aconteceu na batalha que teve aquela figura feminina, jovem e mística, que nada entendia de táticas ou estratégias militares, à frente dos soldados, foi inenarrável. Os franceses sitiados reagiram e venceram os invasores ingleses, livrando o país da submissão. 
 

Carlos VII foi, então, coroado na catedral de Reims, como era tradição na realeza francesa.

 

A luta pela reconquista demorara cerca de um ano e ela desejava voltar para sua vida simples no campo. Mas o rei exigiu que ela continuasse comandando os exércitos na reconquista de Paris. Ela obedeceu, mas foi ferida e também traída, sendo vendida para os ingleses, que decidiram julgá-la por heresia. Num processo religioso grotesco, completamente ilegal, foi condenada à fogueira como "feiticeira, blasfema e herética".

Tinha dezenove anos e morreu murmurando os nomes de Jesus e Maria, em 30 de maio de 1431, diante da comoção popular na praça do Mercado Vermelho, em Rouen.
 

Não fossem os fatos devidamente conhecidos e comprovados, seria difícil crer na existência dessa jovem mártir, que sacrificou sua vida pela libertação de sua pátria e de seu povo.

 

Vinte anos depois, o processo foi revisto pelo papa Calisto III, que constatou a injustiça e a reabilitou.

 

Joana d'Arc foi canonizada em 1920 pelo papa Bento XV, sendo proclamada padroeira da França.

O dia de hoje é comemorado na França como data nacional, em memória de santa Joana d'Arc, mártir da pátria e da fé.

 

 

 

 

 

São Fernando III
1198-1252

 

Fernando nasceu na vila de Valparaíso, em Zamora, Espanha, no dia 1º de agosto de 1198. Era filho do famoso Afonso IX de Leão, que reinou no século XII.

Um rei que brilhou pelo poder, mas cujo filho o suplantou pela glória e pela fé. A mãe era Barenguela de Castela, que o educou dentro dos preceitos cristãos de amor incondicional a Deus e obediência total aos mandamentos da Igreja. Assim ele cresceu, respeitando o ser humano e preparando-se para defender sua terra e seu Deus. 
 

Assumiu com dezoito anos o trono de Castela, quando já pertencia à Ordem Terceira Franciscana. Casou-se com Beatriz da Suábia, filha do rei da Alemanha, uma das princesas mais virtuosas de sua época, em 1219.

Viúvo, em 1235, contraiu segundo matrimônio com Maria de Ponthieu, bisneta do rei Luis VIII, da França. Ao todo teve treze filhos, o filho mais velho foi seu sucessor e passou para a história como rei Afonso X, o Sábio, e sua filha Eleonor, do segundo casamento, foi esposa do rei Eduardo I da Inglaterra. 
 

Essas uniões serviram para estabilizar a casa real de Leão e Castela com a realeza germânica, francesa e inglesa. Condizente com sua fé, evitou os embates, inclusive os diplomáticos, e aplacou revoltas só com sua presença e palavra, preferindo ceder em alguns pontos a recorrer à guerra.

 

Sob seu reinado foram mudados os códigos civis, ficando mais brandos sob a tutela do Supremo Conselho de Castela, instituiu o castelhano como língua oficial e única, fundou a famosa Universidade de Salamanca e libertou sua nação do domínio dos árabes muçulmanos. Abrindo mão do tempo desperdiçado com novas conquistas, utilizava-o para fundar novas dioceses, erguer novas catedrais, igrejas, conventos e hospitais, sem recorrer a novos impostos, como dizem os registros e a história. 
 

Em 1225, teve que pegar em armas contra os invasores árabes, mas levou em sua companhia o arcebispo de Toledo, para que o ajudasse a perseverar os soldados na fé. Queria, com a campanha militar, apenas reconquistar seus domínios e propagar o catolicismo.

Vencida a batalha, com a expulsão dos muçulmanos, os despojos de guerra foram utilizados para a construção da belíssima catedral de Toledo. Durante seu reinado, cidades inteiras foram doadas às ordens religiosas, para que o povo não fosse oprimido pela ganância dos senhores feudais. 
 

Com a morte do pai em 1230, foi coroado também rei de Leão. Em seguida, chefiou um pequeno exército, aos seus moldes, e reconquistou dos árabes ainda Córdoba e Sevilha, onde edificou a catedral de Burgos. Pretendia lutar na África da mesma forma, mas foi acometido de uma grave doença.

 

Morreu aos cinqüenta e três anos, depois de despedir-se da família, dos amigos e companheiros, no dia 30 de maio de 1252, em Sevilha. 
 

Logo, o seu culto surgiu e se propagou rapidamente por toda a Europa, com muitas graças atribuídas à sua intercessão.

 

Foi canonizado pelo papa Clemente X, em 1671, após a comprovação de que seu corpo permaneceu incorrupto.

 

São Fernando III é venerado, no dia de sua morte, como padroeiro da Espanha.

 

 

 

São José Marello
1844-1895

Fundou a Congregação
dos Oblatos de São José

 

José Marello nasceu em 26 de dezembro de 1844, em Turim, Itália.

Seus pais, Vincenzo e Ana Maria, eram da cidade de São Martino Alfieri. Quando sua mãe morreu, ele tinha quatro anos de idade e um irmão chamado Vitório. Seu pai, então, deixou seu comércio em Turim e retornou para sua cidade natal, onde os filhos receberiam melhor educação e carinho, com a ajuda dos avós. 
 

Aos onze anos, com o estudo básico concluído, quis estudar no seminário de Asti. O pai não aprovou, mas consentiu. José o freqüentou até o final da adolescência, quando sofreu uma séria crise de identidade e decidiu abandonar tudo para estudar matemática em Turim.

Mas, em 1863, foi contaminado pelo tifo, ficando entre a vida e a morte. Quase desenganado, certo dia acordou pensando ter sonhado com Nossa Senhora da Consolação, que lhe dizia para retornar ao seminário. Depois disso, sarou e voltou aos estudos no seminário de Asti, do qual saiu em 1868, ordenado sacerdote e nomeado secretário do bispo daquela diocese.
 

José e o bispo participaram do Concílio Vaticano I, entre 1869 e 1870. Posteriormente, acompanhou o bispo por toda a arquidiocese astiniana. Com uma rotina incansável, ele atendia todos os problemas da paróquia, da comunidade e das famílias. Muitas vezes, pensou em tornar-se um monge contemplativo, entretanto sua forte vocação para as necessidades sociais o fez seguir o exemplo do carisma dos fundadores, mais tarde chamados de "santos sociais", do Piemonte. 
 

Corajosamente, assumiu a responsabilidade dos problemas reais da época, sem se preocupar com o Estado, que fechava conventos, seminários e confiscava os bens da Igreja, sempre convicto de que os mandamentos não lhe poderiam ser confiscados por ninguém.

Muito precisava ser feito, pois cresciam a miséria, o abandono, as doenças, a ignorância religiosa e a cultural. Mas, José também tinha de pensar nas outras pequenas paróquias da diocese, em condições precárias, e ainda, não podia deixar de estimular os padres, de cuidar da formação religiosa das crianças e jovens e de socorrer e amparar os velhos. Por isso decidiu criar uma "associação religiosa apostólica", em 1878, em Asti. 
 

O início foi muito difícil, contando apenas com quatro jovens leigos. Mas a partir deles fundou, depois, a Congregação dos Oblatos de São José, integrada por sacerdotes e irmãos leigos, chamados a servir em todos os continentes. Os padres Josefinos pregam, confessam, educam, fundam escolas, orfanatos, asilos, constroem igrejas e seminários. 
 

Dedicando-se igualmente aos jovens, velhos, doentes, por isso seu fundador os chamou de "oblatos", ou seja, "oferecidos" a servir em todas as circunstâncias. 
 

Em 1888, o papa Leão XIII consagrou José Marello bispo de Acqui. Porém, já com o físico muito enfraquecido pelo ritmo do serviço que nunca conheceu descanso ou horário, quando foi para a cidade de Savona, acompanhar a festa de São Filipe Néri, passou mal e morreu, aos cinqüenta e um anos de idade, no dia 30 de maio de 1895. 
 

O papa João Paulo II o canonizou em 2001.

A festa de são José Marello é celebrada no dia de sua morte e seu corpo repousa no santuário que recebeu o seu nome, em Asti.

 

 

Dia 28 de maio é dia de São Germano de Paris

 

 

São Germano de Paris
496-576

 

Nascer e prosseguir vivendo não foram tarefas fáceis para Germano. Ele veio ao mundo na cidade de Autun, França, no ano 496.

Diz a tradição que sua mãe não o desejava, por isso tentou abortá-lo, mas não conseguiu. Quando o menino atingiu a infância, ela atentou novamente contra a vida dele, tentando envenená-lo, mas também foi em vão. 
 

Acredita-se que ele pertencia a uma família burguesa e rica, pois, depois disso, foi criado por um primo, bem mais velho, ermitão, chamado Escapilão, que o fez prosseguir os estudos em Avalon. Germano, com certeza, viveu como ermitão durante quinze anos, ao lado desse parente, em Lazy, aprendendo a doutrina de Cristo. 
 

Decorrido esse tempo, em 531 ele foi chamado pelo bispo de Autun para trabalhar ao seu lado, sendo ordenado diácono, e três anos depois, sacerdote.

Quando o bispo morreu, seu sucessor entregou a direção do mosteiro de São Sinforiano a Germano, que pela decadência ali reinante o supervisionava com certa dificuldade. Acabou deixando o posto por intrigas e pela austeridade que desejava impor às regras da comunidade. 
 

Foi, então, para Paris, onde, pelos seus dons, principalmente o do conselho, ganhou a estima do rei Childeberto, que apreciava a sua sensatez. Em 536, o rei o convidou a ocupar o bispado de Paris, e Germano aceitou, exercendo grande influência na corte merovíngia.

Nessa época, o rei Childeberto ficou gravemente enfermo, sendo curado com as orações do bispo Germano. Como agradecimento, mandou construir uma grande igreja e, bem próximo, um grande convento, que mais tarde se tornou o famoso Seminário de Paris, centro avançado de estudo eclesiástico e de vida monástica. 
 

Germano participou, ainda, de alguns importantes acontecimentos da Igreja da França: do concilio de Tours, em 567, e dos concílios de Paris, inclusive o de 573, e a consagração do bispo Félix de Bourges em 570. 
 

Entrementes não eram apenas os nobres que o respeitavam, ele era amado pelo povo pobre da diocese. Germano era pródigo em caridade e esmolas, dedicando ao seu rebanho um amor incondicional.

 

Freqüentemente, era visto apenas com sua túnica, pois o restante das roupas vestira um pobre; ficava feliz por sentir frio, mas tendo a certeza de que o pobre estava aquecido. Quando nada mais lhe restava, permanecia sentado, triste e inquieto, com fisionomia mais grave e conversação mais severa. 
 

Assim viveu o bispo Germano de Paris, até morrer no dia 28 de maio de 576. Logo os milagres e graças começaram a acontecer e o seu culto foi autorizado pela Igreja, mantendo a data de sua morte para a celebração.

 

Suas relíquias se encontram na majestosa igreja de São Germano de Paris, uma das mais belas construções da cidade.

 

 

Dia 27 de maio é dia de Santo Agostinho da Cantuária
 

 

 

Santo Agostinho da Cantuária
+604

 

Um século após são Patrício ter convertido os irlandeses ao catolicismo, a atuação de Agostinho foi tão importante para a Inglaterra que modificou as estruturas da região da mesma forma que seu antecessor o fizera.

No final do século VI, o cristianismo já tinha chegado à poderosa ilha havia dois séculos, mas a invasão dos bárbaros saxões da Alemanha atrasou sua propagação e quase destruiu totalmente o que fora implantado. 
 

Pouco se sabe a respeito da vida de Agostinho antes de ser enviado à Grã-Bretanha. Ele nasceu em Roma, Itália. Era um monge beneditino do mosteiro de Santo André, fundado pelo papa Gregório Magno naquela cidade. E foi justamente esse célebre papa que ordenou o envio de missionários às ilhas britânicas. 
 

Em 597, para lá partiram quarenta monges, todos beneditinos, sob a direção do monge Agostinho. Mas antes ele quis viajar à França, onde se inteirou das dificuldades que a missão poderia encontrar, pedindo informações aos vários bispos que evangelizaram nas ilhas e agora se encontravam naquela região da Europa.

Todos desaconselharam a continuidade da missão. Mas, tendo recebido do papa Gregório Magno a informação de que a época era propícia apesar dos perigos, pois o rei de Kent, Etelberto, havia desposado a princesa católica Berta, filha do rei de Paris, ele resolveu, corajosamente, enfrentar os riscos. 
 

A chegada foi triunfante. Assim que desembarcaram, os monges seguiram em procissão ao castelo do rei, tendo a cruz à sua frente e entoando pausadamente cânticos sagrados. Agostinho, com a ajuda de um intérprete, colocou ao rei as verdades cristãs e pediu permissão para pregá-las em seus domínios. Impressionado com a coragem e a sinceridade do religioso, o rei, apesar de todas as expectativas em contrário, deu a permissão imediatamente. 
 

No Natal de 597, mais de dez mil pessoas já tinham recebido o batismo. Entre elas, toda a nobreza da corte, precedida pelo próprio rei Etelberto. Com esse resultado surpreendente, Agostinho foi nomeado arcebispo da Cantuária, primeira diocese fundada por ele. 
 

A notícia chegou ao papa Gregório Magno, que, com alegria, enviou mais missionários à Inglaterra. Assim, Agostinho prosseguiu e ampliou o trabalho de evangelização, fundando as dioceses de Londres e de Rochester. Não conseguiu a conversão de toda a ilha porque a Inglaterra era dividida entre vários reinos rivais, mas as sementes que plantou se desenvolveram no decorrer dos séculos. 
 

Agostinho morreu no dia 25 de maio de 604, sendo sepultado na igreja da Cantuária, que hoje recebe o seu nome e ainda guarda suas relíquias.

 

O Martirológio Romano indica a festa litúrgica de santo Agostinho da Cantuária no dia 27 de maio.